12 de set. de 2017

Futebol em Roma: como assistir a um jogo



Torcida da Roma no estádio Olímpico
Se você vai a Roma e quer ver um jogo de futebol por lá, você fez uma boa escolha. E embora um jornalista esportivo seja suspeito para dizer isso, garanto que muita gente sem tanto apreço pelo esporte que já optou pelo programa na capital italiana corrobora a opinião. Então, se tiver chance, aproveite.

Como escolher o seu jogo?
Se quiser assistir a um jogo de futebol relevante em Roma, sua escolha passará obrigatoriamente por ver a Roma (recomendo!) ou a Lazio em uma destas quatro competições: Campeonato Italiano, Copa da Itália, Champions League e Liga Europa.

Se você clicar nos links abaixo levando aos calendários de cada um dos campeonatos (que em geral ocorrem do fim de agosto até meados de maio), saberá se haverá ou não jogos nas datas em que você estará na capital italiana:

Serie A /  Copa Itália / Champions League / Europa League

Os jogos da Champions (principalmente) e do Italiano são mais procurados, e o clima nestas partidas costuma ser mais bacana. Mas a Liga Europa e o Copa da Itália, dependendo dos adversários, também podem render uma experiência legal, até porque na Copa, após a mudança no regulamento que passou a colocar os grandes times só na reta final do torneio, a chance de ver um clássico passou a ser grande.


Como comprar ingressos?
Ponte Duca D'Aosta, em frente ao Olímpico

Para responder à pergunta mais comum que recebo via Twitter, uma informação relevante: na Itália NÃO é possível comprar ingressos no dia do jogo. Portanto, programe-se.

Você tem duas opções: esperar para comprar ingressos quando já estiver em Roma (o que significa que não poderá chegar no dia do jogo) ou comprar pela Internet, a melhor opção para garantir ingressos no setor que bem entender — em geral não é difícil conseguir entradas para os jogos na Itália (exceto Champions League e grandes clássicos), mas alguns setores podem lotar.

Se quiser você quiser comprar os ingressos em Roma, pessoalmente, existem duas lojas da Roma que vendem as entradas e ficam muito bem localizadas para os turistas: uma fica na Via del Corso 25 e a outra na Piazza Colonna 360, ambas abertas das 10h às 19h.

No caso de jogos da Roma, você também poderá comprar os ingressos online através do site do clube, clicando aqui. Nesta página vocês escolhe o jogo, o setor preferido e imprime o ingresso em PDF para apresentar no Olímpico ao entrar, apenas no dia da partida.

Para jogos da Lazio, que não vende ingressos online, você pode ver a lista de locais de venda para compra presencial no site do clube, clicando aqui e seguindo as instruções.

Tanto para os jogos da Roma como os da Lazio, uma outra opção eficiente e confiável para compra pela Internet é o site Viagogo, que te dá a opção de receber os ingressos no Brasil ou no local em que você for se hospedar em Roma (em geral a melhor opção porque os ingressos não costumam estar disponíveis para entrega com grande antecedência ao evento).

Para ver a lista de ingressos à venda para os jogos da Roma no Viagogo, clique aqui. Se preferir ver o calendário da Lazio, clique aqui. Só fique atento aos preços, que muitas vezes são mais altos para compra através do Viagogo – algo que pode até compensar dependendo do contexto e da disponibilidade ou não em outros meios.


Distinti e Curva Sud: festa romanista
Qual setor do estádio escolher?
Saiba o seguinte: em Roma, as torcidas organizadas de Roma e Lazio, conhecidas como ultras, ficam sempre nas curvas, atrás dos gols. É portanto ali que o clima é mais quente para assistir aos jogos. No caso da Roma, a "curva" dos ultras é a curva sud (sul). No caso da Lazio, a curva nord (norte). Quando os dois times se enfrentam, a torcida "visitante" só tem a própria curva e suas cercanias à disposição.

Por "clima quente", entenda-se: mais festa, bandeiras, faixas, coros, fumaça e barulho. Um clima legal demais, diferente do ambiente pasteurizado e teatral que vemos em tantos estádios europeus. Por outro lado há também, ali, maior possibilidade de confusões e a certeza de ter que assistir aos jogos em pé. Aí vai do seu gosto e, evidentemente, da sua companhia.

Se estiver com crianças, por exemplo, talvez ficar na curva não seja a melhor opção. Nesse caso indico o setor "distinti" ("sud" no caso da Roma e "nord" no caso da Lazio): o legal deste setor é que você fica bem próximo à curva e, portanto, sente muito do ambiente descrito acima; outro bom motivo para escolher este setor é o preço, bem inferior às áreas das tribunas laterais, onde a visão do jogo é melhor, mas o clima é bem mais frio.

  
Lanchinho na entrada do Olímpico
Como chegar ao Olímpico?
Ao contrário do que ocorre com a maior parte dos pontos turísticos do centro de Roma, você não chegará ao estádio Olímpico a pé se estiver hospedado no centro da cidade. A distância não é enorme (cerca de 5,5km da Piazza Venezia), mas exigirá entre 30 ou 40 minutos de viagem de ônibus/metro/trem, conforme sua escolha, para chegar lá.

A Estação Termini (pelas várias opções de transporte) e a Piazza del Popolo (pela proximidade maior) são dois bons pontos de partida para chegar ao Olímpico. De qualquer forma, usando o Moovit você pode ver qual a melhor opção de transporte no seu caso: clique aqui e insira apenas seu ponto de partida, o destino já está selecionado para o Olímpico.

Só uma dica: embora o trajeto do centro ao estádio leve cerca de 40 minutos, recomendo a saída bem antes do horário do jogo. Aproveite para chegar cedo, desfrutar do cenário em torno do estádio, às margens do Tevere, comer um panino e tomar uma Birra Moretti ou um Caffè Borghetti na entrada, olhar uns cachecóis ou camisetas para dar de presente (a você mesmo?), mas, sobretudo, entre antes no estádio para não perder a torcida cantando o hino do time momentos antes do apito inicial. Estou falando disto:



26 de ago. de 2015

Onde passear


Fachada de prédios na Piazza di Maria, em Trastevere. E a luz de Roma


Você não precisa inventar muito para aproveitar Roma. Mas precisa ficar lá pelo menos uns quatro ou cinco dias, já vou avisando, porque tudo o que estiver em negrito daqui para baixo, incluindo os lugares mais manjados, requer uma visita obrigatória. Ou quase.

passeio às margens do Tevere
Andar a pé entre os principais pontos da cidade é o suficiente (e é essencial) para aproveitar o que a capital italiana tem de mais legal. Em Roma, quase não é preciso “entrar” nos lugares, não é preciso pagar ingressos, pegar filas ou fazer reservas. E a não ser que você queira ver vitrines ou fazer compras (um desejo legítimo, não tô julgando), é melhor evitar andar nas avenidas mais movimentadas tipo a Via del Corso, porque em geral elas ficam bem cheias e suas calçadas não são assim tão largas.

Em compensação, os passeios pelas pequenas ruas de paralelepípedos, entre as casas das nonnas, os motorinos estacionados em todos os cantos, os estúdios modernosos nos prédios caindo aos pedaços e o cheiro dos fornos fazem valer as caminhadas. Vá sem medo de se perder: dê uma olhada por cima no mapa, só checando mais ou menos qual a direção do próximo destino e saia andando. Você vai se perder? Vai. Mas os becos em que você vai cair compensarão os minutos "perdidos".

Pantheon, Piazza Navona, Campo dei Fiori, Piazza di Spagna, Fontana de Trevi, Largo di Torre Argentina, Palazzo Montecitorio (a Câmara dos deputados) e Palazzo Quirinale (a residência do Presidente). Comece caminhando entre estes pontos. São todos relativamente próximos um do outro: ande a pé entre eles, vá e volte, mude as rotas, depois de ir de um para o outro, vá do outro para o um, então para um terceiro, deste para um quarto... Varie os horários e, se conseguir, procure andar também de madrugada, com menos gente nas ruas. Fique tranquilo, é seguro. E bem agradável.


Piazza di Spagna: vazia assim, só de madrugada
Os cinco primeiros lugares citados aí em cima são obrigatórios mesmo. Os outros podem até não ser tanto, mas chegar ou sair deles sim: o barato muitas vezes está no caminho que te leva a cada um destes pontos, sobretudo se você optar pelas ruelas em detrimento das grandes avenidas.

Tão indispensável como os pontos mais manjados é o bairro de Trastevere, muitas vezes deixado de lado pelos turistas por não contar com uma grande atração como o Pantheon, o Coliseu ou o Vaticano (aliás, parênteses: quando você for ao Vaticano, prepare-se para as filas e programe-se consultando o site - sobretudo se quiser visitar a Capela Sistina, que tem horários e dias especiais para visitas). Mas voltemos à Trastevere, o pedaço de Roma onde os romanos se consideram mais romanos. É meu bairro preferido na cidade. Pela beleza, pelo ambiente, para se viver a cidade. Boêmio, agradavelmente agitado, cheio de bares e restaurantes, é para mim o melhor lugar para se hospedar e também para comer no centro. Mas, se você for aparecer por lá só para passear, chegue no fim da tarde, quando o sol estiver se pondo.

O bairro de Trastevere, imperdível
A principal praça do bairro, Piazza di Maria, é onde fica a basílica de Santa Maria in Trastevere (impressionante, apesar da fachada discreta); a praça tem alguns bares, sorveterias e uma pequena livraria bem bacana. Quando for chegar ou sair de Trastevere, passe ao menos uma vez (mas você vai querer passar mais) pela Ponte Sisto, uma ponte só de pedestres que conta com italianos indo ou saindo do trabalho, turistas embasbacados, músicos trabalhando ao ar livre e a aquela coloração sempre alaranjada de Roma reforçada pelo reflexo dos prédios às margens do Tevere. Imperdível.

Atrás de Trastevere, vários e cansativos degraus acima, fica o passeio do Gianicolo. O trajeto em si é muito agradável, mas a vista do Piazzale Anita Garibaldi e também uma visita à Fontana dell'Acqua Paolo (conhecida como Fontanone, aquela na qual começa o filme A Grande Beleza, do vídeo lá embaixo) são outros bons motivos para você encarar os degraus.

Também perto de Trastevere, mas ainda lá embaixo e no "caminho de volta" para o outro lado do rio está a Isola Tiberina, uma ilha no meio do rio Tevere onde rolam sessões de cinema a céu aberto no verão. Quem está em Trastevere, para chegar à ilha, pode andar pelas ruelas do bairro até pegar a Ponte Cestio (outra linda ponte só para pedestres). Se quiser, dê uma volta na ilhota, e depois saia pelo outro lado, na Ponte Fabricio, que vai desembocar no Ghetto de Roma, o bairro judeu da capital.

Isola Tiberina, em um dia de "natureza selvagem" em Roma


Longe de mim querer aqui ficar criando obrigações (eu avisei que não dá para ficar menos de cinco dias em Roma), mas o Ghetto também é obrigatório. A via Portico d'Otavvia, o Teatro Marcelo, a Piazza Mattei com sua Fonte das Tartarugas e as ruelas que os ligam são os pontos mais bacanas desse pedaço pequeno de Roma e merecem uma visita, mesmo que rápida.

via Portico d'Otavvia, no Ghetto
Ali do lado, grudados no Ghetto, ficam o Fórum Romano e o Coliseu. Sobre o principal símbolo da cidade: se você quiser entrar (e se nunca foi certamente vai querer), tente chegar no primeiro horário, uma ou meia hora antes da abertura dos portões (não sei bem o horário, mas você pode se informar aqui). Assim você evita uma fila monstruosa e ainda tem a sensação bacana de ver o Coliseu com pouca gente dentro.

E não é só esse o motivo para você acordar bem cedo em pelo menos um dia. O alvorecer, que costuma ser lindo até em cidades meia boca, é especial em Roma. Por isso vale levantar ainda no escuro, tomar um capuccino com corneto (o nome "romano" mais digno para croissant) e fazer o seguinte trajeto: vá ao Campidóglio (sede da prefeitura), que é onde tem "início" o trajeto do Fórum Romano. Depois de tirar umas fotos e apreciar o panorama geral, desça as escadas que dão no fórum e vá caminhando pelo meio dele, até chegar ao Coliseu. Caminhar pelo antigo fórum antes das hordas de turistas chegarem é uma experiência legal demais.

acesso ao Campidóglio
(Intervalo comercial. Se estiver ainda perto do Coliseu na hora de almoçar, há um ótimo restaurante por perto, o Luzzi, na via Celimontana 3. Outra opção por ali é comprar uns pães, queijos, prosciuto e vinho para fazer um piquenique em algum canto do Parco del Colle Oppio, ali grudado)

Sigamos. Talvez para a volta do Coliseu, ou para qualquer outro momento em que você passar pela gigantesca Piazza Venezia: praticamente grudado ao Campidoglio está o Palácio Vitoriano, um prédio absurdamente gigante. Muitos romanos não gostam da sua brutalidade e o apelidaram de “bolo de noiva”. Mas por mais que a gente possa até concordar, vale a pena subir lá no alto do bolo para ver a vista da cidade. Não custa nada e ainda tem banheiro nas exposições do prédio, se você precisar (não é uma dica desprezível em Roma, acredite).

Além do Coliseu, um outro passeio que justifica você desembolsar uma graninha com os ingressos é o Castel Santangelo (também conhecido como Mausoléu de Adriano), por ser bem preservado e também com uma bela vista da cidade (é mais uma atração que fica "do outro lado" do rio, perto do Vaticano).

Ponte Sisto. Ao fundo, o Vaticano
Como olhar para Roma do alto é sempre bacana, um outro passeio bonito e agradável é o seguinte: quando você subir a escadaria da Piazza di Spagna (onde vale a pena passar um tempo sentado observando as pessoas e tomando um sorvete ou uma cerveja, dependendo de espírito), vira a esquerda e caminhe apreciando a vista da cidade a partir da via Trinità dei Monti. Ande. Na hora em que bifurcar, não desça e siga à direita para cair então numa praça grande, logo acima da Piazza del Popolo — basta descer as escadas se você quiser chegar lá.  

Se você optar por não descer à Piazza del Popolo, caminhando para a direita está outra das grandes atrações de Roma: a Villa Borghese, que é o principal parque do centro da cidade e onde fica a disputadíssima Galeria Borghese (que tem um incrível acervo, esculturas realmente impressionantes, mas um fila tão incrível quanto; então, se você pretende ir, é legal reservar por aqui e marcar hora).

A propósito do parque, ele é bem grande e tem cantos muito gostosos para fazer um piquenique com os deliciosos prosciutos, queijos, vinhos, pães e nutelas (rá) italianos. Ops. Voltei à comida, mas é duro não falar de comida quando falamos de Itália. Também por isso, como disse no começo, ande. Ande bastante em Roma. Você não vai se arrepender. E vai compensar o que comer.  ; )


Só para fechar, o trailer de A Grande Beleza. Você pode até não ter curtido o filme, mas, na briga entres os filmes que mostram as belezas de Roma, ele certamente está no pódio.

 

1 de abr. de 2013

Onde comer

Para comer mal em Roma você vai ter que se esforçar. Embora a Itália toda seja famosa por seus restaurantes e por sua incrível qualidade-gastronômica-sem-frescura, Roma é uma das cidades do país onde as chances de errar são menores (em Veneza, por exemplo, elas até que são grandes).

Ainda assim, evitar aqueles restaurantes enormes que ficam grudados nos principais monumentos e praças da cidade é um bom passo para fugir dos pega-trouxas. Outro, ainda mais eficaz, é dar uma rápida olhada na proporção de turistas estrangeiros versus italianos: desconfie do lugar em que a proporção de estrangeiros for maior que uns 50%.

Talvez seja preconceito, frescura até, mas eu evito restaurantes com aquelas cadeiras de alumínio tipo Hard Rock Café ou com nomes em inglês. E costumo simpatizar com a tradicional toalha de mesa quadriculada, embora locais com toalha de papel também pareçam uma boa pedida.

Tá certo, eu paro. Vamos a alguns restaurantes.

EM TRASTEVERE


O Il Ciak, simpático restaurante que tem o cinema como tema, é uma das várias opções no Vicolo del Cinque, em Trastevere 

Já disse em alguma página por aqui que acho Trastevere o melhor bairro para um turista se hospedar em Roma. E um dos motivos é justamente a qualidade e quantidade de bons restaurantes e bares, abundantes nessa boêmia região. Saindo da Piazza Trilussa e caminhando pela Via del Moro ou pelo Vicolo del Cinque, você vai logo esbarrar com várias boas opções, e aí pode escolher aquela com ambiente e cardápio que mais curtir. Algumas das possibilidades por ali:

Gino in Trastevere - via della Lungaretta, 85
É um dos restaurantes mais tradicionais e frequentados do bairro, com cardápio variado incluindo massas, carnes, pizzas e ótimos antepastos. O ambiente é agradável sobretudo nas mesas ao ar livre.

Opções no Mario's (divulgação)
Mario's - via del Moro, 53-55
Menos turístico, tem uma zia um tanto mal-humorada tomando conta do negócio (parente do Mario, suponho). Mas a cozinha é ótima, com os pratos típicos romanos - aqueles que você curte, como carbonara e amatriciana, e também aqueles mais exóticos tipo, sei lá, trippa alla romana.

Cacio e Pepe - vicolo del Cinque, 15
Fica ao lado do Il Ciak, aquele da foto maior, ali em cima. É um pouquinho mais caro que a média da região, mas tem ótimas opções de massas e carnes.

Al Piatto Ricco - via della Peliccia, 30
O lugar meio escuro, frequentado pelos moradores da região, é todo decorado com fotos de equipes históricas da Roma, time de futebol do proprietário e da maioria dos romanos. Embora conste no cardápio, não ouse pedir, por exemplo, a cotoletta alla milanese. Como a casa se orgulha pela qualidade dos pratos romanos, você vai ter que esforçar para manter seu pedido milanês. É bem bom.

Fagioli e cipolle do Ai Marmi
Pizzeria Ai Marmi - viale Trastevere, 53-59
Outra opção dos romanos. A luz é fria e o ambiente, simples. Mas se você não busca charme e seu grande objetivo é comer bem, vai lá. Apesar do nome, não tem só pizza. Pelo contrário: apostar em um belo prato com antepastos variados pode ser uma ótima opção para o almoço ou jantar.

Panetteria Romana e Spaccio di Paste - via della Lungaretta, 28-31
É uma 'antica forneria', daquelas onde você monta seu prato. Vá ao balcão, escolha o que mais lhe apetecer das variadas opções na vitrine e coma em um dos banquinhos ou cadeiras espalhadas pelas mesinhas do lugar. O local é bem antigo, e a família proprietária já está em sua quarta geração no comando do negócio.


Para comer pizza a taglio (a pizza em pedaços é ótima opção para um lanchinho)

Panificio Arnese - via del Politeama, 27
Frequentado por estudantes da região, além das ótimas pizzas tem alguns biscoitos deliciosos.

La Boccaccia - via di Santa Dorotea, 2
Boa pizza sempre recém saída do forno. Fica pertinho de um cinema onde passam muitos filmes italianos.


FORA DE TRASTEVERE

Lula grelhada do Luzzi
Luzzi - via Celimontana 3
Trattoria e pizzaria, fica na região próxima ao Coliseu e é um dos meus restaurantes preferidos em Roma. O ambiente é legal, o antendimento em geral simpático e eficiente e, claro, a comida é deliciosa. Se o local estiver muito cheio e a fome for grande, você não vai comer mal no "Anti Luzzi" (o restaurante do outro lado da rua, nascido com um nome que retrata bem o espírito romano para aproveitar a rebarba do vizinho famoso).

Baffetto Pizzeria - via del Governo Vecchio, 114
Uma das piazzarias mais famosas e tradicionais de Roma, daquelas que não inventa sabores esdrúxulos. Fica perto da Piazza Navona. É realmente muito boa, mas, dependendo do horário, você pode ter que esperar um bom tempo para conseguir uma mesinha.

Piquenique by "Ruggeri"
Alimentari Ruggeri - Via della Pace, 29-31
Outro lugar próximo à Piazza Navona, é um mercadinho cheio de frios, queijos, pães, vinhos, biscoitos etc. Você pode fazer umas comprinhas, pedir para montarem uns sanduíches e se mandar para um piquenique nas regiões verdes da cidade, como a Villa Borghese ou o Jardim Botânico (esse último, bonito e vazio, cobra pela entrada). As praças de Roma também seriam opção, mas não sei se ainda está rolando a lei que proibe picnics nas ruas e praças da cidade.

Pigna, Enoteca di Sardegna - Via della Pigna, 3/31
É um lugar minúsculo, perto da Via del Plebiscito, especializado em vinhos e comida da Sardegna. A maioria dos clientes compra, mas não come ali. Porém, se você quiser há uma mesinha na tranquila rua de paralelepípedos, onde é possível consumir os vinhos, antepastos e uma ou duas opções de pratos disponíveis diariamente.

Sorvetes

Giolitti - Via Uffici del Vicario, 40
Sorveteria famosa e tradiconal, para muita gente a melhor de Roma. Ao seu redor existem outras mais modernas e atualmente até mais badaladas (só que eu esqueci os nomes). Aí vai do seu estilo. De qualquer forma, com os sorvetes, na Itália, você também não vai conseguir errar.

Giolitti é, para muitos, a melhor sorveteria de Roma. Mas há hoje várias boas opções ao seu redor


SÓ PRA ENCERRAR

Por fim, não se trata exatamente de uma dica gastronômica. Mas comer nessas redes de fast food italiano, tipo o Ciao (a mais famosa delas), é uma boa prova da preocupação e cuidado que os italianos têm com a comida e seus ingredientes. Porque pensa: o que deveria ser o McDonalds deles, aquela opção rápida que você acha em estações de trêm (como a Termini) e aeroportos (como Fiumicino), tem queijos, saladas, panini, massas, carnes, frutas e doces pra você escolher e colocar na sua bandejinha. Num lugar meio fuleiro, no fim das contas, você come mais ou menos como no Ráscal (sabe?). Só que paga menos da metade do preço da rede brasileira.

Onde ficar


Se você vai a Roma, hospede-se no centro. Embora a hospedagem seja mais cara na região (e é cara), vai compensar o fato de que, com disposição e um razoável preparo físico, você pode percorrer toda a região central a pé, recorrendo de vez em quando ao transporte público ou a um táxi para evitar as subidas mais íngremes. Porque, apesar das sete colinas, andar no centro de Roma é sempre um prazer (ok, quase sempre, porque caminhar pela cidade sob o calor de julho e agosto beira o insuportável).

Ficando hospedado na parte laranja do mapa você estará bem localizado 

São vários os bairros centrais e, estando no centro, você estará bem localizado, perto dos principais locais de interesse turístico (aqueles...), restaurantes, bares e praças (aquelas...). Como na maioria das grandes  cidades, a única região do centro a se evitar para a hospedagem é aquela muuuito próxima (até uns 500 metros, mais ou menos) à estação de trem (Termini, no caso) - por outro lado, também como de costume, essa é a área mais barata para hospedagem no centro.

Se você clicar aqui, verá, no Booking.com, uma pré seleção dos hotéis nos bairros mais bacanas para ficar hospedado (esses do mapinha acima). Aí é só escolher o hotel que tiver mais a ver com seu gosto e bolso. Se quiser, pode incluir a opção "Rome City Centre" no menu do lado esquerdo do site (isso incluirá, entre outras, áreas como a região do Coliseu, do Vaticano e da Via Veneto). Mas eu começaria a busca só pelos bairros que deixei pré selecionados no link.

Antes de confirmar a reserva do seu hotel, vale sempre dar uma passeada, através do street view do Google Maps, pelas redondezas da sua escolha. O serviço do Google cobre todo o centro da capital italiana e você consegue passear por todas as ruas, exceto aquelas exclusivas para pedestres. Dá uma olhada na Piazza Navona, por exemplo:


View Larger Map

Eu prefiro ficar hospedado no charmoso bairro de Trastevere (clica para ver só as opções de hospedagem no bairro). Que, como diz o nome, fica do "outro" lado do rio Tevere (o mesmo lado do Vaticano). Ainda que você fique do lado oposto do rio, se hospedado em Trastevere, você continuará pertinho dos principais pontos turísticos de Roma como Piazza Navona, Pantheon, Campo dei Fiori, Piazza di Spagna, Fontava di Trevi e até mesmo o Coliseu.

Estar do "outro lado" do rio não é um problema. Pelo contrário. Primeiro, você fica longe das ruas mais cheias de gente, como as que circundam a Fontana di Trevi, por exemplo. Além disso, as opções gastronômicas de Trastevere, bairro boêmio da cidade, são muitas e boas.

Quarto do Residenza delle Arti, em Trastevere
Ser obrigado a cruzar o rio Tevere todos os dias através da Ponte Sisto ou da Ponte Cestio e Ponte Fabricio (que levam à Isola Tiberina) é um prazer, não um problema. Na sua visita a Roma, ao menos uma vez, você deve passar por elas.

Os hotéis. Uma dica de hospedagem bacana em Trastevere, simples porém com atendimento bem atencioso, é a Residenza delle Arti (era bem legal, mas parece que deixou de funcionar) Sonnino Suite. Se preferir, você também pode reservar seu quarto lá através do Booking.com (dê uma olhada nos dois links para ver a tarifa mais barata, que varia).

Uma alternativa mais bacana e charmosa no mesmo bairro, localizada num antigo convento, é o Donna Camilla Savelli. O preço, porém, também é mais salgado.

Vista do Hotel Abruzzi, em frente ao Pantheon

Outras opções simples, não tão caras para o padrão de Roma e bem localizadas em Trastevere são o Hotel Domus Tibertina e o Hotel Trastevere. Nunca estive hospedado neles, não conheço a qualidade do serviço, mas uma passada rápida nos comentários do Booking.comVenere ou Tripadvisor resolve a questão.

Se você não se importar em ficar hospedado no pedaço mais agitado e turístico de Roma, uma opção bem honesta (de novo, para os padrões da capital) é o Hotel Panda, que fica grudado na Piazza Di Spagna. Já fiquei por ali. O atendimento é bem menos atencioso que o da Residenza delle Arti, mas o serviço é correto.

Já ao lado do Pantheon, que é outra atração imperdível da capital, uma opção um pouco mais cara mas bem em conta se considerarmos sua espetacular localização é o Hotel Abruzzi.

Para encerrar, se você for ficar em Roma por um período mais longo do que quatro ou cinco dias e/ou estiver em mais de duas pessoas e não se incomodar em ficar numa mesma casa, vale muito a pena, economicamente falando, procurar um apartamento no Airbnb. Tem muita opção bacana em Roma, você vai ver.

Roma por Chico

"Com o consenso de Roma, nela vivi um tempo que,
em outra parte, talvez teria sido invivível"


Chico Buarque e Lucio Dalla cantam Minha História (versão de Chico para a música 4/3/1943, composta por Dalla) durante um programa da RAI. Outra versão, mais antiga e curiosa, com Toquinho no violão, pode ser vista aqui.

Tinha oito anos em fevereiro de 1953, quando desembarquei em Roma com minha mãe e tantos irmãos. Meu pai já estava aqui há alguns meses, como professor de Estudos Brasileiros. Recordo-me de que era já noite funda quando entramos no palazzo (como os italianos chamam os antigos edifícios) da Via San Mariano, que papai nos tinha descrito nas suas cartas. Achei o apartamento um tanto grande demais, muito velho, muito escuro, muito úmido. E tinha um problema com o aquecimento. Naquela noite, vestido com o capote, debaixo dos cobertores, fiquei imóvel na cama, os olhos abertos.

No dia seguinte, já tinha sol no jardim da casa e tudo era novidade. Tinha a pastaciutta, o copo de vinho, a Via Nomentana, Villa Torlonia, Porta Pia, o ônibus pela Piazza Fiume, tinha o Cine Capranica, o Cine Capranichetta, tinha a Lollobrigida, tinha Pane, amore e fantasia.

E eu corria em bicicleta pelo Viale Gorizia, brincava com novos amigos, aprendia belas palavras, como calcio di rigore (pênalti), rovesciatta (rebatida), Sampdoria (clube de Gênova), Sentimenti IV (goleiro do Juventus), e palavrões que ensinava às minha irmãs. Minha mãe conhecia bastante bem o italiano, mas não os jogadores de futebol e palavrões, e meu pai tinha um certo acento napolitano, porque imitava roberto Murolo ao cantar Anema e core.

Papai tinha também uma professora de italiano, e eu me lembro bem do dia em que a apresentou à família, mais ou menos com o mesmo orgulho com que tinha nos introduzido naquele palazzo frio, empoeirado e meio arruinado. A signorina, porém, era muito jovem, viçosa, luminosa, a pele muito clara, os cabelos muito negros, os olhos enorme, e ao olhá-la compreendi logo a palavra desiderio (desejo).

Tinham me explicado que a Itália era um país pobre, apenas saído de uma guerra atroz. Não nos faziam estudar numa escola italiana porque o ensino não era satisfatório, assim diziam. Fomos matriculados na Notre Dame International School, e eu pensava sempre no meu pai que, vindo de tão longe, talvez não fosse um professor satisfatório ou dava lições numa escola atroz.

A minha casa era uma escola onde se falava em inglês, lia-se Mark Twain e se jogava beisebol. Quando a bolinha era atirada fora dos muros, coisa que acontece a cada minuto naquele esporte bizarro, cabia a mim procurá-la lá na Via Aurelia ou pedi-la ao jardineiro de uma casa vizinha. Quase todos os meus colegas eram meninos norte-americanos que não tinham o hábito ou a necessidade de falar a língua dos outros.

Ali também fiz algumas amizades, mas na verdade não amava tanto a escola americana, porque lá dentro me sentia mais estrangeiro do que na rua. De fato, para os meus colegas, eu, um certo Francisco, originário de um vago Brasil, era italiano e me chamava Francesco.

Em janeiro de 1969, quando voltei a Roma, reencontrei os monumentos, os palazzi, as fontannne (fontes), os viali (avenidas), tudo ali, tudo igual às minhas recordações, somente um pouco menor. Logo na primeira manhã caminhei pelas ruas da minha infância, certo de poder rever os mesmos personagens de tantos anos atrás, talvez pequeninos eles também.

Senti-me porém como o míope de Italo Calvino, encontrando rostos desconhecidos ou cumprimentando gente que não me respondia. À hora do almoço, perdi-me num labirinto perto do Pantheon. Vaguei pelos becos desertos, entre casas amarelas com portas e janelas fechadas, depois me encontrei numa praça com a estátua de um elefante, e à sombra da igreja tinha um carabiniére que dormia sentado no cavalo. Despertei o carabiniére, porque precisava de uma indicação, mas em seguinda permaneci mudo. Vinham-me à mente palavras soltas como Sampdoria, calcio d'angolo (córner), e naquele momento me dei conta de que não sabia mais falar o italiano.

Humilhado, voltei ao hotel, onde minha mulher, grávida, falava ao telefone com o Rio de Janeiro. As notícias do Brasil não eram maravilhosas, de modo que minha permanência no exterior, prevista para três semanas, devia se prolongar por uma duração incerta. Estabeleci-me em Roma , deixando o Albergue Raphael por um apartamento num bairro que parecia mais um subúrbio do Rio.

Roma, a sentia agora mais dura, como se suspeitasse de que vivia nela pensando numa outra. Era verdade, mas ao mesmo tempo estava sinceramente decidido a não pensar mais na minha cidade. O meu coração queria pensar em Roma, somente Roma. Gravei um disco em italiano quase sem acento, fui à radio e à televisão, cantei no meio da Piazza Navona, mas Roma não me compreendeu. Inventei um samba em dialeto romanesco, mas Roma não é boba. Disse a Roma que no Rio não me queriam, disse-lhe que não podia viver assim no ar, sem uma cidade. Era ridículo, queria desesperadamente que Roma me aceitasse.

Então ofereci a Roma minha primogênita. Minha filha Sílvia nasceu romana no fim de março, e Roma mandou à Clínica Moscati dois poetas. Vinícius de Morais fez uma enfermeira gravar o primeiro choro da criança. E à mãe ainda adormecida, Giuseppe Ungaretti dizia: "Bella!, bella!". Depois Roma me acolheu no Piazzele Flaminio, num apartamentinho com um balcãozinho de onde se via a Villa Borghese. Dali saía a pé pela Via del Corso, Piazza Colonna, o Cine Capranica, o Cine Capranichetta e daí pela Via Tritone, Fontana de Trevi e o restaurante Al Moro, do qual uma noite vi sair Federico Fellini e emudeci, porque me pareceu que viesse a cavalo.

Chico: "Cantei no meio da Piazza Navona (foto), mas Roma não me compreendeu. Roma não é boba"


No fim, Roma me deu poucos amigos, mas amigos feitos como Roma, para sempre. Nesta cidade vivi ainda um ano e meio, e aqueles não podiam ser os tempos mais felizes da minha vida. Mas com o consenso de Roma, nela vivi um tempo que, em outra parte, talvez teria sido invivível.

Em Fiumicino (aeroporto romano), o policial olha e torna a olhar cada folha do meu passaporte, sacode a cabeça, procura o meu nome no computador, chama alguém pelo telefone. Já esperava toda essa operação. Estamos já num país rico, e o meu documento é sempre aquele de um cidadão sul-americano. Fecha o passaporte, reabre o passaporte, me observa e observa a foto, na qual nem eu mesmo me reconheço, porque me vejo com a cara de meu pai quando veio ensinar na Universidade de Roma.

"Músico", exclama enfim o policial, e de repente se põe a tocar um tambor imaginário. Revela-me que ele também é um contrabaixista diletante, e me restitui o passaporte dizendo-me um fã da nossa música, a música étnica. "Musica latina", acrescenta, e me diverte saber que no coração do Lácio se chama latina uma música tão estranha.

Giro agora pelo aeroporto que não recordava tão grande. Depois de 30 anos o ampliaram, sem dúvida, mas é possível também que com o tempo os objetos da memória comecem a comprimir-se, como se estiessem dentro de um ônibus superlotado. Quando consigo pegar minha maleta, que rodava também solitária no aeroporto, me vejo diante de uma jovem com um sorriso que me é familiar.

É uma signorina tão viçosa, tão luminosa, com a pele tão clara, os cabelos tão negros, os olhos tão grandes, que poderia ser uma professora de italiano. Mas ao contrário é a agente de turismo que me pergunta: "may I help you?". No, grazie, le dico, il mio nome é Francesco.


Discurso escrito em italiano e lido por Chico Buarque no dia 31/3/2000, ao receber o Prêmio Roma-Brasília, Cidade da Paz, conferido pelo prefeito de Roma, Francesco Rutelli. Tradução: Araújo Netto. Fonte: chicobuarque.com.br

Roma por Cony

"Comparada a Paris, é uma aldeia. Comparada a Nova York, um buraco velho, descascado e sujo. Mas nenhuma obra feita pela mão do homem possui a beleza e merece a glória desta cidade, cabeça do mundo, um pouco berço, um pouco túmulo da civilização ocidental"



Chego agora a Roma, novamente, é sempre como se aqui viesse pela primeira e última vez. Ando a esmo pelos becos mal iluminados, a cidade parece uma velha estação ferroviária onde os trens nunca chegarão.

Não é grande a cidade. Seus palácios e vilas, suas igrejas e mármores cabem em poucos metros quadrados. Andando a pé, pode-se ir de uma colina a outra em pouco mais de uma hora, cortando em diagonal o seu centro histórico.

Comparada a Paris, é uma aldeia. Comparada a Nova York, um buraco velho, descascado e sujo. Mas nenhuma obra feita pela mão do homem possui a beleza e merece a glória desta cidade, cabeça do mundo, um pouco berço, um pouco túmulo da civilização ocidental.

Urbe acima de todas, quem a vê pela primeira vez fica impressionado com a agressividade do tempo que desbotou paredes e criou ruínas de travertino e carrara. À noite, as lâmpadas são fracas, parecem iluminar uma imensa estação ferroviária do interior.

Filha de uma loba, Roma se apresenta em sucessivas camadas: a dos etruscos, dos latinos, dos césares, dos papas, do "rissorgimento", de Mussolini - a única realmente bruta. Nela, predomina o barroco, "Roma Bernini ha fatta", mas Bernini nem era romano, era napolitano, está para a cidade como o Aleijadinho está para Ouro Preto.

Também foi em Roma que o fiorentino Michelangelo deixou a Pietá, em São Pedro, o Moisés (em San Pietro in Vinculis) e a formidável cúpula que assinala a Roma do Renascimento como o Coliseu é a marca da Roma dos Césares. Mas quem vai a Roma e não vê o êxtase de Santa Teresa, orgasmo do mármore exaltado, na igreja de Santa Maria da Vitória, pode ter visto o papa, mas não viu nada.

Falam mal da cidade. O trânsito é insano, as paixões tremendas, os gerânios nas sacadas da Piazza Navona estão sempre abertos, aberta e espantada está a fachada de Santa Agnese in Agone. É bom ouvir o barulho das águas que caem das fontes. De repente, os sinos de todos os campanários começam a tocar.

Acontece então o milagre de todos os dias. O carrilhão maior de São Pedro encobre com um toque solene os ruídos da cidade. É um som grave, quase soturno, que fica boiando no ar como imenso pássaro de bronze, recolhendo em suas asas um fragmento do tempo, o instante de eternidade.


Texto de Carlos Heitor Cony, publicado na Folha de S.Paulo em julho de 1995. Fonte: Folha de S.Paulo.

O blog

Roma, sempre laranja, em 2003, quando morei por lá
Como muitos amigos me pediam, resolvi deixar aqui, com acesso fácil e permanente, um roteirinho básico com dicas de Roma. É um roteiro pessoal e sem preocupação alguma de ser completo, para pessoas com preferências (e grana, claro, porque não vou indicar nenhum 5 estrelas) parecidas com as minhas.

Roma é democrática. Um par de pernas em condições de andar bastante, por lá, vale mais que dinheiro para entrar onde quer que seja. Porque Roma é, de fato, uma cidade aberta. Com suas deliciosas ruelas de paralelepípedos, as flores nas sacadas, seus velhos e charmosos prédios descascados, suas infinitas fontes e pontes, o Tevere, aquela luz sempre laranja e seus impressionantes monumentos a céu aberto.

Por falar em monumentos, já aviso: apesar de imensurável riqueza cultural e artística de Roma, você não vai ler por aqui uma linha sequer sobre o Barroco, o Renascimento, a trajetória de Bernini ou os afrescos da Capela Sistina. Quase batizei o blog de "Roma para Ignorantes", mas fui censurado em casa: "Não seja ogro".

Veto acatado. Mas deu para entender. A ideia é dizer apenas como aproveitar melhor a Roma aberta. As ruas e piazzas. Como viver a cidade, e não seus ricos museus. Onde é legal ficar hospedado, como se locomover, por onde passearcomo comer bem (fácil), o que fazer e até onde comprar, por exemplo, ingressos para ver o imortal Francesco Totti com a camisa da Roma no estádio Olímpico.

Nem tudo isso estará de cara no blog, mas aos poucos - provavelmente bem aos poucos, admito - eu vou incluindo novas páginas, que podem incluir até mesmo alguns conteúdos que tratam sobre a cidade, como estes textos bacanas do Chico Buaque e do Carlos Heitor Cony.

Ciaooo.